Thursday, February 25, 2016

CAFÉ E BOM DIA #14 (por Carlos Eduardo "Brizolinha" Motta)



Quando minha querida amiga Ila se despediu após me ajudar numa faxina mental, lembrei do primeiro livro que li no meu exílio “O livro de San Michele”.

E eu nunca ouvira falar no autor.

A leitura do “Livro de San Michele” começava com um rapaz sueco recém-formado em medicina que ia para a ilha de Capri.

Nas primeiras páginas havia uma carrada de italianismos que me escapavam ao entendimento.

Subindo a montanha ganhei uma perspectiva mais clara e passei a viver intensamente os personagens, não menos cativado pelos bichos que Munthe acolhia e tantos outros que lhe eram entregues para tratamento.

O amor e a liberdade revestido de um humanismo enternecedor.

Romance quase autobiográfico de Axel Munthe, médico de sucesso (tantos médicos que deram bons escritores, Cronin, Scliar...) nascido sueco viveu grande parte da vida em Capri (mas também em Paris, em Milão nos tempos da cólera).

Viveu com ricos e pobres, mas parece-me que gostava particularmente de animais.

Esse admirador da música de Schubert, que teve uma vida aventuresca de quase um século.

E que em Anacapri, aos dezoito anos, topou com seu projeto de vida: a construção de uma casa com os escombros do antigo castelo do imperador Tibério faz pulsar o coração.

Dr. Munthe viveu seu sonho, o que o faz distante da mediocridade da vida comum. "O livro de San Michele" é uma autobiografia que é inesquecível e fruto do rememorar na claridade da terça, me veio com força.

Munthe não esconde suas fraquezas, os episódios de ira, os erros cometidos como homem e como médico, até mesmo conta delitos cometidos ao longo da vida.

Não fala de seus amores carnais, solteirão que foi.

Mas conta de beijos roubados a monjas, em pleno claustro, ao pé do leito de outras monjas adoentadas, e se julga, ao final, na voz de um acusador em seu julgamento no céu, como um libidinoso.

A marca dessa leitura foi tão importante que guardo numa caixa revestida de veludo com as cartas que trocava com minha mãe.

BOM DIA, CAFÉ NA MESA


Françoise Giroud , essa dama nascida em Genebra criou com Jean Jacques Servan o sdemanário L'Express e em 1974 atuou na proa do Ministério da cultura francesa.

Legou alguns livros importantes e dentre eles "ALMA MAHLER ".

Tiro curto de 180 páginas. Giroud acompanha a trajetória dessa majestosa mulher no palco austríaco num período de grandes turbulências intelectuais.

Foi luz de inspiração para Kokoschka, pintor. Não menos para Walter Gropius, arquiteto e Franz Werfel, escritor.

Mahler bloqueou sua clara vocação para a musica, visto que aos vinte anos Alma já escrevera mais de cem lieder, peças instrumentais e o esboço de uma ópera.

"Uma luz em meus ouvidos" do escritor Elias Canetti oferece um retrato fantástico da Áustria onde aportou com seu irmão em 1924 ajudando compreender aqueles dias.

Palco de fervorosos casos de amor de Alma com músicos e pintores, tais como Gustav Klimt, o produtor teatral Max Burchkard e o seu professor de piano e compositor Alexander von Zemlinsky, entre muitos outros, até que, em 1902 contraiu matrimonio com o compositor Gustav Mahler, 20 anos mais velho.

Alma respirou genialidade em todas as esquinas da arte.

Uma livro adorável.

BÃO DIA E CAFÉ NA MESA




Carlos Eduardo "Brizolinha" Motta
é poeta e proprietário
da banca de livros usados
mais charmosa da cidade de Santos,
situada na Rua Bahia sem número,
quase esquina com Mal. Deodoro,
ao lado do EMPÓRIO SAÚDE HOMEOFÓRMULA,
onde bebe vários cafés orgânicos por dia,
e da loja de equipamentos de áudio ORLANDO,
do amigo Orlando Valência.

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