Monday, February 1, 2016

POEMINHA DE SEGUNDA (por Paulo Mendes Campos)


NO VERÃO

Paulo Mendes Campos



Inventaremos no verão os gritos
Verberados na carta episcopal.
Somos apenas pássaros aflitos
Que nada informam da questão moral.

Tens os olhos audazes, infinitos,
E eu sinto em mim o deus verde do mal,
De nossas almas nascerão os mitos,
De nossas bocas uma flor de sal.

Deitaremos raízes sobre a praia
A jogar com palavras inexatas
O desespero de se ter um lar.

E quando para nós enfim se esvaia
O demônio das coisas insensatas
Nossa grandeza brilhará no mar.



Paulo Mendes Campos
nasceu em Belo Horizonte, MG,
no dia 22 de fevereiro de 1922,
em pleno Carnaval.
Escapou de ser bissexto por um dia,
pois, naquele ano, haveria o 29 de Fevereiro.
Tinha o sonho de ser aviador, mas nunca o concretizou.
Pouco tempo depois de terminar o ginásio,
Paulo e seu amigo Otto Lara Rezende
ingressam no mesmo grupo literário
do qual faziam parte
Hélio Pellegrino e Fernando Sabino.
Através desse grupo literário,
Paulo começou a publicar textos em jornais.
Em 1945, aos 23 anos, mudou-se para o Rio,
onde trabalhou em diversos jornais e revistas.
Era um apaixonado pela cidade.
Dizia ele:
"O Centro do Rio representou a velhice da cidade:
o morro do Castelo, os conventos,
os prédios burocráticos dos reinados.
Flamengo e Botafogo foram a maturidade do Rio.
Copacabana foi a louca adolescência.
Ipanema e Leblon: eis a infância da cidade.
Preciso dessa meninice de Ipanema,
onde tenho meu lar,
o meu mar
e o meu bar”
Paulo morreu no dia 1 de Julho de 1994,
deixando como legado mais de 30 livros publicados,
repletos de crônicas e poemas
simplesmente magníficos.




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